É sabido de todos nós que aos padres foi vedado o casamento por ordem do Papa. Todavia, a Bíblia diz que quem aspira ao episcopado, boa coisa deseja. Entretanto, a Bíblia também diz que são necessários alguns pré-requisitos para aquele homem que tenha tal vocação.
I Timóteo 3: 1à 5
1 ESTA é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
2 Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
3 Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
4 Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
5 (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);
Outra menção que a Bíblia faz relativo à esse ensinamento, se encontra em Tito 1: 5 à 9, quando o Apóstolo Paulo orienta à seu fiel amigo e discípulo Tito, para estabelecer Presbíteros nas igrejas e que características esses homens deveriam ter para ocupar tão nobre função. Vejamos:
QUALIFICAÇÕES DOS PRESBÍTEROS
5 Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:
6 Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.
7 Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8 Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante;
9 Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.
Sabemos todavia que, se tal homem, de livre e espontânea vontade, prefere ficar sem se casar, tudo bem. É até melhor, porque solteiro ele com certeza terá mais tempo e até mais liberdade para trabalhar na obra de Deus, não é mesmo? Todavia, se ele quiser se casar, entendo também que ele de igual modo deve ter a liberdade de optar, pois, como diz as escrituras : " Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. I Corintios 7:9
Essa foi a posição, inclusive que o próprio Apóstolo Paulo tomou, ou seja, ele optou por ficar solteiro, no entanto ele próprio reconhecia que poderia e tinha todo o direito de se casar, se assim, o desejasse. Veja o texto transcrito abaixo:
I CORÍNTIOS 9
OS DIREITOS DO APÓSTOLO PAULO
1 Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?
2 Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.
3 Esta é minha defesa para com os que me condenam.
4 Não temos nós direito de comer e beber?
5 Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?
Nessas passagens, protestantes alegam “entender” que o casamento não foi proibido pela Bíblia aos Ministros de Deus, dizendo inclusive que o próprio Apóstolo Pedro era casado. E justificam-se: Jesus até curou a sogra de Pedro certa vez “E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre.” Mateus 8:14
A Bíblia nos mostra que o casamento é algo honroso, que foi instituído por Deus. Então, por quê se proíbe o casamento aos Padres? Por que saiu do vaticano tal ordenança, se a própria Bíblia não proíbe isso?
Será que houve algum equívoco por parte do santo padre?
Pelo exposto acima, os padres não têm todo o direito de se casarem, caso isso seja da vontade deles? Ninguém pode roubar-lhes o direito (como bem colocou o Apóstolo Paulo Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente), nem mesmo o seu líder - o papa.
Considerando que Pedro foi o "primeiro papa", ele também teve sua mulher e companheira, como justificar o celibato dos padres e mesmo do Papa?
Prezados irmãos em Cristo, como a Santa Mãe Igreja nos ensina, a Sagrada Escritura deve ser lida e estudada. Ela não deve ser lida por qualquer pessoa, desorientada, pois, para entendê-la, é preciso ter certos conhecimentos. A Bíblia era lida pelos sacerdotes e rabinos para que a explicassem ao povo mais simples. E mais: a Bíblia não pode ser lida senão com a disposição de aceitar a interpretação dada pela Igreja através do Papa, sucessor de São Pedro, que recebeu de Cristo as chaves do reino dos Céus. Nessas condições, é útil, bom e salutar ler a Sagrada Escritura, sabendo, porém que nela não está toda a Revelação, como se pode provar através das próprias Escrituras Sagradas.
Contudo, o problema levantado contra a Santa Igreja Católica, a questão do celibato sacerdotal,é um problema de disciplina, e não de fé.
Porém, mesmo usando apenas a Bíblia, a questão de provar que o celibato sacerdotal tem raiz nos Evangelhos é muito simples.
Em primeiro lugar, é oportuno lembrar que, segundo a Escritura Sagrada, o matrimônio é santo e estabelecido por Deus. Dispenso-me de citar os textos bíblicos que conhecemos bem e que legitimam o matrimônio, como a instituição dele, por Deus, no princípio do mundo, e sua elevação a sacramento por Cristo, nas bodas de Caná. Disso não há dúvida.
Para encaminhar a questão do celibato sacerdotal, restaria discutir o que é superior: o matrimônio ou o estado de virgindade consagrada a Deus.
Sobre este ponto, a Sagrada Escritura é bem clara, pois o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo nos diz:
"Todo o que deixar por amor de meu nome a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou as fazendas, receberá cento por um e possuirá a vida eterna" (Mt. XIX, 29).
É patente, por esse texto que Jesus aconselha alguns a deixarem a mulher para serví-Lo. E é o que fazem os sacerdotes católicos.
Bastaria esse texto do próprio Deus Homem, Cristo, para ter comprovado o valor e a liceidade do celibato sacerdotal. Mas, citaremos outros textos.
O mesmo Cristo Jesus nos disse:
"Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado. Porque há alguns eunucos que nasceram assim, do ventre de sua mãe; e há outros eunucos, a quem outros homens fizeram tais; e há outros eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus. O que é capaz de compreender isto, compreenda-o" (Mt. XIX, 11-12).
Evidentemente, Cristo não estava pedindo uma mutilação física, do mesmo modo que, quando disse que era melhor arrancar o olho do que pecar com ele, não estava incentivando que os homens se cegassem. Cristo, falando em "eunucos" voluntários, se referia àqueles que, por amor a Deus, renunciavam à mulher, como vimos na citação anterior.
E o próprio Cristo – Sacerdote por excelência -- nos deu seu exemplo, não se casando. Devem seus sacerdotes imitá-lo.
Também a sua Mãe Santíssima foi Virgem sempre. São José nos deu o mesmo exemplo de castidade. O discípulo amado por Cristo era São João, que se manteve virginal. São João Batista, de quem Jesus disse não haver maior homem nascido de mulher, foi virgem também.
Com isto, a Bíblia não nos ensina apenas com palavras, mas com exemplos de vida também.
O próprio São Paulo escreveu que o casamento era bom, mas que permanecer, como ele, "em estado de virgindade é melhor".
"Digo também aos solteiros e às viúvas que lhes é bom se permanecerem assim, como também eu. Mas, se não tem o dom da continência, casem-se" (I Cor. VII, 8-9).
Portanto, São Paulo, nesse texto, se afirma solteiro, e diz que aos solteiros é bom permanecer como ele. E é à luz desse texto que se deve entender o outro texto citado:
"1 Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?
2 Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.
3 Esta é minha defesa para com os que me condenam.
4 Não temos nós direito de comer e beber?
5 Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?"
Evidentemente, se São Paulo afirmou que era solteiro e aconselhou os outros a manter-se como ele sem mulher, nesse texto que o senhor me cita, a palavra "esposa cristã" não significa esposa dele, São Paulo. Ele dizia que ele, como os demais apóstolos, tinha direito de levar consigo uma mulher casada, para ajudá-lo. Não era para cohabitar maritalmente com ele. Se São Paulo, que se disse solteiro, se arrogasse o direito de levar consigo uma esposa, estaria dizendo que tinha direito de levar consigo uma amante, o que é um absurdo, pois não há direito de fazer isso.
Em Timóteo é alegado ainda que uma das condições para ser escolhido para o episcopado era de ser casado (I Tim3, 1-5).
É pssível uma distinção, sobre esse texto.
No princípio do Cristianismo, muitos pagãos se convertiam, e, entre os mais velhos deles, em geral casados e viúvos, é que se escolhiam os Bispos. São Paulo recomenda que se escolham os Bispos entre os homens que, tendo sido casados, tivessem sido casados uma só vez. É assim que se explica os textos a Timóteo e a Tito também citado. E ainda que a princípio, os Bispos tivessem sido assim escolhidos, as palavras de Cristo sobre o valor dos que deixavam mulher por amor dele, e as palavras de São Paulo, aconselhando a ser como ele, levaram a Igreja, sempre guiada pelo Espírito Santo, a estabelecer a lei do celibato. Supor que a Igreja errou, estabelecendo a lei do celibato, seria negar a promessa de Cristo de que estaria com ela todos os dias, até o fim do mundo (Cfr. Mt XXVIII, 20). Ou que as portas do inferno prevaleceriam sobre a Igreja de Cristo. (Mt XVI, 18).
Quanto ao fato de que São Pedro fora casado, não há dúvida disso. Acontece que quando Cristo cura sua sogra, está dito que, tendo sido curada da febre por Jesus, "ela levantou-se, e pôs-se a serví-los" (Mt. VIII, 14) . Ora, se São Pedro ainda tivesse mulher, seria natural que esta, e não a sogra de Pedro, os servisse. Portanto, São Pedro já devia ser viúvo quando conheceu Cristo, e, por isso, nunca se fala da mulher dele.
A Igreja Católica sempre defendeu o matrimônio e o casamento como estabelecidos por Deus, e condenou as seitas gnósticas e cátaras que proibiam o casamento.
Nossos irmãos erram, quando supõem que a Igreja, impondo o celibato aos sacerdotes, condena o casamento. Ela considera, como São Paulo, que casar é bom, mas não casar por amor a Deus é melhor. Por isso, ela criou a lei do celibato para os que livremente queiram ser sacerdotes de Cristo. Se o Sumo Sacerdote, Cristo, viveu virginalmente, os seus sacerdotes devem imitá-Lo.
In corde Jesu, semper,
Rangel Philipe.