As provas da Existência de Deus
Provas da Existência de DEUS
I Via : Prova Do Movimento
Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.
Por exemplo, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser – o fogo – que tenha calor em Ato.
II Via : Prova da Causalidade Eficiente
Todo efeito vem por uma causa. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de existir antes de si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há nada que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.
Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol, que tem calor próprio. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam (prendem) às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira causa as intermediárias e estas causam a última.
Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. Ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes precisa ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada. Tudo criou, mas não foi criada.
Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates, que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.
O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador.
Quem seria o ser criador? Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe que exista um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.
O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja um Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Carl Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.
III Via : Prova da Contingência ou Eventualidade
Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se reproduzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes (seres) que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua essência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.
Se todos o que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nada existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.
Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes que hoje existem. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.
Se sua necessidade dependesse de outro, formaria-se uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes. Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente, e portanto tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.
IV Via : Prova Dos graus de perfeição dos seres
Vemos que nos entes (seres), uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba. Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a uma perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.
Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo, o ser máximo.
Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, como diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade, sua beleza e todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.
Este ser supremo que não foi jamais criado, mas que é fonte de criação, criador.
Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, 19). E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como está escrito em Gênesis ( I ). Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era "valde bona", isto é, ótimo.
Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo.
São Tomás de Aquino explica essa questão na Suma Teológica contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador.
Está aí também, a explicação da hierarquia da Santa Igreja. Obedecer à ordem, estabelecida por Deus.
Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.
V Via : Prova da existência de Deus pelo governo do mundo
Sabemos que os seres irracionais agem sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.
Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente e racional dirigindo-as para lá.
Assim se dá com o mundo. Logo, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais para seu próprio fim. A este ser chamamos Deus.
Uma variante dessa prova de São Tomás de Aquino aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.
Filmando-se em câmera lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata numa outra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para frente, veremos a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador.
Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda sequência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda sequência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira sequência de movimentos. Daí pode-se concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência máxima que governa o mundo. Este ser sapientíssimo (infinitamente sábio) é Deus.
In corde Jesu et Mariae, Mater Ecclesiae, semper, Rangel Silva.